Não é novidade para ninguém que usa o Linux Mint, que seu fundador e desenvolvedor Clem Lefebvre tem “aversão” a pacotes SNAP. A decisão de não aceitar por padrão este tipo de software, acarretou em uma mudança relevante não só no sistema operacional (parte técnica) como em como o projeto ganha dinheiro. Entenda o caso.
Cada versão do Linux Mint é baseada na versão de suporte de longo prazo do Ubuntu. O Mint 20 é baseado no Ubuntu 20.04. Apesar da dificuldade em se contabilizar o número de downloads, já que existem centenas de repositórios gratuitos espalhados pelo globo, estima-se que o Mint está em terceiro ou quarto lugar entre as distribuições domésticas de linux, superando sua própria distribuição upstream, o Ubuntu.
A Canonical, empresa responsável pela criação do Ubuntu, decidiu adotar cada vez mais o modelo de pacotes SNAP. Um exemplo disso é o Firefox e o Thunderbird, que agora não estão mais no repositório como (.deb) e sim como (snap). Os desenvolvedores do Mint, tiveram então que criar seus próprios pacotes para estas ferramentas. Porém, perde-se o direito as atualizações constantes destas aplicações.
Clem Lefebvre, não quer abrir mão do Firefox, seria uma grande perda ao Mint, por isto, resolveu se aliar a Mozilla. A partir de agora a Mozilla passa a criar e a liberar atualizações diretas para o Mint, sem o intermediário (Ubuntu). Mas nem tudo são flores; é neste ponto, que o projeto do Mint como um todo começa a mudar. Até este momento, o Mint oferecia o seu “Firefox” com o buscador padrão (yahoo/duckduckgo) e um mecanismo de busca padronizado que gerava receita financeira ao projeto. Mas a Mozilla, não acorda com isto. O buscador padrão do firefox é o Google, que paga a fundação Mozilla para estar lá.
Com este “pacto” entre a Mozilla e o Mint, o buscador padrão do sistema passa a ser o Google. E a receita para o projeto Mint, como vai chegar? De acordo com Lefebvre: Eles “Perdem a receita do Yahoo/DuckDuckGo, mas vão ganhar com o Google”. Com esta afirmação, eu acredito que um acordo para um repasse dos lucros do buscador, seja direcionado ao Mint. Se isto será melhor ou pior, provavelmente só saberemos no futuro.
Todos estes acontecimentos nos mostra claramente, que quando você gerencia um projeto do tamanho do Mint, não basta apenas escrever algumas linhas de código (bloqueando ou adicionando) recursos ao seu sistema, é necessário entender de uma forma ampla, o quanto isto pode empactar em toda a estrutura do projeto.